terça-feira, 13 de outubro de 2009

Meu caro Mário,

Os já cerca de 45 anos que nos conhecemos permitem que nos tratemos mutuamente por “tu” e concedem-me a liberdade de te dirigir estas palavras.
Durante os últimos 16 anos fomos adversários políticos, tu a defender as políticas do PS e eu a fazer o mesmo pelo lado do PSD. Note-se bem, adversários, não inimigos.
Quis a ironia do destino e a vontade dos eleitores que, durante a última legislatura, estivéssemos juntos nos órgãos autárquicos da nossa freguesia, eu como Presidente da Assembleia e tu como Presidente do Executivo.
Como sabes, e foi assumido por todos os grupos políticos na última Assembleia ordinária, fiz o que pude e sabia para manter uma postura de imparcialidade e neutralidade sempre que os eleitos ou os eleitores expressavam pontos de vista polémicos e susceptíveis de acesa discussão. Modéstia à parte, acho que consegui.
Na próxima legislatura não vamos estar nas mesmas funções, eu por vontade própria, tu por força da decisão dos eleitores. Vamo-nos despedir delas na próxima Assembleia, quando os novos eleitos tomarem posse dos nossos cargos.
Na campanha eleitoral fui publicamente crítico da tua gestão e não retiro uma linha ao que disse e escrevi. Creio porém tê-lo feito com civismo, respeito e educação.
Imagino como te estarás a sentir neste momento: desapontado, desiludido, amargurado, triste, sozinho.
Isso mesmo: sozinho. Enquanto exerceste o cargo não te faltaram amigos, os que se riam e contavam piadas, os que te davam palmadinhas nas costas, os que diziam serem-te leais até à morte, os que te ligavam a toda hora, por tudo e por nada.
Agora, que vais deixar de ser o “Sr. Presidente”, é que vais ver quem são os teus verdadeiros amigos. E vais concluir que, daquelas centenas que te davam “graxa”, talvez apenas uma mão cheia seja verdadeiramente teu amigo. A esta hora, entre os que te foram mais próximos nos últimos anos, não faltará já quem te esteja a acusar de teres sido a causa do insucesso, a culpar-te dos erros que foram cometidos, a fazer o teu “enterro político”. A ingratidão é um defeito muito feio mas, como dizia um nosso amigo comum, só espera a gratidão quem não conhece a natureza
humana.
Pela minha parte nada vai mudar. Para mim continuarás a ser o mesmo Mário que conheço há 45 anos, merecedor do mesmo respeito e consideração de sempre.
Um abraço

7 comentários:

  1. Boa tarde Francisco Flores,

    Finalmente você assume o FF, ficou-lhe bem, mas acho que o deveria ter feito, logo no inicio do seu Avintes Merece, mas mais vale tarde do que nunca.
    Concordo com quase tudo o que escreveu sobre o meu amigo Mário Gomes, que não trato por tu, até pela diferença de idades, (ele tem idade para ser meu pai), mas não tenho dúvidas em o afirmar, sou dos seus amigos “da política”, dos mais chegados e fiéis, e com ele trabalhei, de diferentes formas e em diferentes lugares, ao longo dos últimos 16 anos.
    Ao longo de tantos anos é natural que para além das muitas vezes que concordei com ele, também discordasse muitas vezes do Mário Gomes, mas ao contrário de outros (e vamos falar no plural para depois não me acusarem de ataques pessoais), que até determinada altura foram muito mais influentes junto do Mário Gomes do que eu, mas depois incapazes de serem sinceros, foram deixando andar, foram deixando o quanto pior melhor, preparando a saída do grupo, e enganando-o mesmo até ao último minuto em que lhes foi possível fazê-lo, eu e vários outros dos seus amigos e camaradas, estivemos sempre (e ainda continuamos) ao lado do Mário Gomes, lutando com todas as nossas capacidades e energias, contra uma “armada” poderosa, comandada pelo Dr. Filipe Menezes (que nunca mais perdoou ao Mário quando ele há 8 anos lhe disse não a uma candidatura independente, contra o PS).

    É por isso que, não posso aceitar que você esteja a fazer juízos de valores sobre nós, amigos e camaradas mais próximos do Mário, principalmente porque são falsos.
    Eu teria apoiando 100% o seu comentário, teria-o entendido como sincero, se você se tivesse limitado a dar o seu abraço ao Mário, mas o Francisco Flores, não se limitou a tal, foi mais longe, insinuou atitudes que não são verdade, atacou os amigos mais chegados do Mário Gomes, nos quais me incluo.

    Assim não Dr. Francisco Flores, tenho a certeza que o Mário Gomes dispensa abraços destes.

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  2. Eu não fiz juízos de valor sobre ninguém. Limitei-me a denunciar uma situação que é recorrente, na política como no futebol: quando se ganha é-se bestial, quando se perde é-se besta. Acredite que eu já esperava que o Dr. Cipriano Castro fizesse parte daquela mão cheia de amigos muito chegados que o Mário vai conservar para o resto da vida. Quanto aos outros, os que não se incluem naquela mão cheia, o tempo se encarregará de confirmar se serão muitos ou muito poucos.
    Reafirmo que o meu abraço é muito muito sincero, e desconfio é que ele esteja a ser vítima dos abraços de urso que lhe foram sendo dados ao longo dos anos.
    FF

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  3. O abraço a que o Sr. FF se refere deve ser concerteza do mesmo tipo que o n.º 2 da lista vencedora andou a dar ao Mário ao longo destes anos - não é Sr. Vieira?

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  4. Que tal tentar encontrar explicações para a derrota eleitoral na estratégia errada e suicida do Dr. Eduardo Vitor? Que se saiba em Canelas e na Madalena não houve "Srs. Vieiras".
    FF

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  5. O que de melhor há em democracia, aconteceu em Avintes, quer os derrotados do PS queiram ou não...
    Com estratégias do Dr Menezes, com mudanças de última hora, com jogos baixos,etc etc etc...
    Mário Gomes e toda a sua equipa foram derrotados... derrotados em toda a linha e de nada adiantou acenarem com o bicho papão, junto dos idosos e das crianças das escolas de que passeios e prémios estariam em risco.Viva a democracia...Irei comemorar a data de 11 de Outubro, como sendo a segunda revolução democrática... Viva Avintes

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  6. A 2.ª "revolução democrática"?... sabe exactamente o que significa isso?
    Calculo que não.
    Vivemos em democracia e a democracia é algo inacabado... o vento nem sempre sopra para o mesmo lado, mas tudo volta ao ponto de partida.
    Até à próxima.

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  7. Tenho nome, só sou anonimo aqui nesta intervenção,sou de Avintes por adopção e não me envergonho,falo da minha Terra onde vou com orgulho,mas às vezes fico triste quando vejo que certa gente toma conta de lugares representativos,e ficam inchados e tornam-se arrogantes e vingativos. Claro que o sr. M.G.não poderia ficar eternamente no seu poleiro.Graças a Deus que caiu e a minha rua foi parcialmente arranjada ao fim de 14 anos de espera, porque eu fui oposição em Avintes e ele era oposição na Camara.Este é o conceito de democracia de certos senhores ditos democratas. Esses têm de cair mais cedo ou mais tarde, pena é que caiam por vezes tão tarde.

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